Entre linhas e agulhas, tecidos e aviamentos vão brotando as histórias. É ali, na sala de costura que jovens mulheres descobrem o prazer de fazer a própria roupa e aprendem uma nova profissão, mas ganhar dinheiro com o ofício, neste momento é um plano secundário para todas elas.
"Eu queria mesmo é economizar fazendo as roupas dos meus filhos e me livrar do stress do dia a dia", revela Cátia, mãe de três filhos que parou de trabalhar para cuidar da prole. As amigas Viviane e Juliana desejam peças exclusivas e fazer elas mesmas suas roupas e acessórios. Em comum essas mulheres têm justamente a idade. Nenhuma delas passou dos 35 anos.![]() |
A Moda é Costurar as Próprias Roupas |
Até a professora da turma, que totaliza cinco alunas, prova que o conceito de que a costura é coisa de gente mais velha está completamente errado. Aos 30 anos Carina Fregolente de Moraes Conceição, conta ter deixado para trás a profissão de administradora de empresas para se entregar ao mundo dos moldes e dos tecidos. O encantamento com esse mundo já existia mas aumentou na época do casamento, há pouco mais de cinco anos. "Acompanhei a costureira fazendo meu vestido de noiva. Me apaixonei." As primeiras aulas foram feitas com essa mesma costureira e, o que era um passatempo Carina virou ocupação principal depois do primeiro convite para dar aulas.
No quinto mês de gestação da filha caçula, que hoje tem três anos, a professora Cátia Fernanda da Silva Almeida, 34, decidiu parar de trabalhar. "Decidi ficar em casa para cuidar dos meus filhos, parei de trabalhar e o stress bateu", conta. Pensando em uma atividade que aliviasse a tensão e que traria benefícios para toda a família, ela escolheu a costura. "No final do ano eu falei: "sabe de uma coisa, as roupas estão muito caras eu sei bordar, sei pintar, preciso aprender a costurar"", recorda. E foi assim que Cátia comprou sua máquina de costura. "Quando olhei a máquina vi que não sabia nem colocar a linha e decidi fazer o curso."
Com dois meses de aula Cátia se orgulha do vestido que fez para sua filha mais nova. "Na loja estava R$ 120. Gastei R$ 40 de tecido e vou fazer vestido para minhas duas filhas, do jeito que elas gostam e economizando muito", comemora. O filho da professora também se beneficiou com a escolha da mãe. "Ele é gordinho e gosta de calça e bermuda de elástico e a gente não acha coisa na moda, como bermuda de surfista ou jeans com elástico na cintura, então, eu faço do jeitinho que ele gosta."
Costurar, para muitas famílias, remete às habilidades dos mais velhos. "Na minha família minha avó costurava, fazia as roupas para mim, eu sempre fui apaixonada, mas nunca fui aprender, agora chegou a hora", comenta Viviane Geremias, 27, que ainda está no início do curso. Assim como Cátia, Viviane primeiro comprou uma máquina de costura e tentou aprender o ofício sozinha. "Quando minha máquina de costura travou, eu fui buscar uma assistência técnica e vi que eles tinham cursos, resolvi fazer", explica. Ganhar dinheiro com a costura, inicialmente,não é a intenção de Viviane. "Estou aprendendo por gosto. O intuito não é ganhar dinheiro mas, de repente, pode dar muito certo e, por que não ganhar um dinheiro com isso?"
Juliana Melo Alves, 32, é fotógrafa e uniu a vontade de aprender a costurar com a necessidade de ter peças exclusivas em seu estúdio. "Sou fotógrafa de bebês e gestantes e é sempre legal termos coisas diferentes para compor a fotografia", diz. O aprendizado do ofício ainda está no início, mas o bichinho da costura, garante, pegou a fotógrafa. "Quero aprender a fazer bastante coisa. Na minha família ninguém costura e eles ainda não sabem que estou fazendo aulas, mas estou gostando muito", finaliza.
Escola e professoras confirmam aumento na busca pelas aulas
Depois de trabalhar como administradora de empresas Carina Fregolente de Moraes Conceição decidiu largar a carreira para dedicar-se à costura e não se arrepende, garante. Carina, que hoje tem 30 anos, começou a atividade de corte e costura há cinco anos tendo aulas com uma costureira do seu bairro e hoje dá aulas para um total de 18 alunas. O retorno financeiro com a costura é maior mas a professora afirma que esse não é o ponto mais importante da sua atual profissão. "Faço com amor. Tudo que fazemos com amor e satisfação é melhor. A gente se realiza e isso é muito importante. Tudo fica mais leve", pondera Carina."Comecei por curiosidade, eu queria fazer minhas roupas e tinham peças que eu não encontrava exatamente como eu queria", recorda. Depois das primeiras aulas com a costureira do bairro Carina foi fazer outros cursos de modelagem e costura e se formou técnica em moda. Foi nesta época que recebeu o primeiro convite para dar aula. O passatempo virou ocupação principal até que as atividades de administração de empresas foram suspensas.
Ana Paula Moraes Marciano, 28, é designer de moda e professora de corte e costura há três anos. Depois de sair da faculdade ela passou a trabalhar como modelista em uma fábrica. Foi no Sesi que começou sua carreira como professora e hoje mantém um espaço próprio para as aulas. "Montei meu espaço em 2015 depois que o Sesi, por conta da crise, desligou muitas pessoas e hoje não pretendo voltar a trabalhar em fábrica", comenta.
Sobre as alunas diz que a maior parte delas ainda não chegou aos 40 anos. "Na fábrica a gente tinha muitas costureiras entre 40 e 60 anos. Aqui, minhas alunas têm entre 20 e 35 anos." Essas mulheres, afirma Ana, procuram as aulas como um passatempo, uma forma de terapia e, na grande maioria dos casos, a vontade é de aprender coisas novas.
"Com cinco ou sete meses de aula elas já aprendem a fazer muita coisa, mas na primeira aula elas já saem costurando." E o que elas querem? Querem fazer roupas para cotidiano, vestidos, calças e bermudas. "A maioria delas não quer roupa de festa nem de alfaiataria, elas querem mesmo é fazer a própria roupa", resume a professora.
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Fonte: Jornal Cruzeiro
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