Renda de bilro une gerações da Lagoa da Conceição

Há 20 anos, quando chegamos a Florianópolis, a Avenida das Rendeiras, na Lagoa da Conceição, ainda fazia jus ao nome: havia pelo menos umas dez casinhas onde mulheres, a maioria já idosas, passavam seus dias confeccionando lindas toalhas, colchas, guardanapos e peças de vestuário, todas feitas a partir da renda de bilro, uma arte belíssima trazida dos Açores pelos colonizadores. Muitas destas rendeiras ficavam tramando os fios na calçada, à vista dos moradores e principalmente dos turistas, que se aglomeravam para admirar e fotografar tão belo e difícil trabalho manual.

Renda de bilro


Todas as vezes que tive oportunidade de entrevistar as rendeiras, nestas duas décadas, elas queixavam-se da mesma coisa: a tradição da renda de bilro estava morrendo. As filhas e netas não se interessavam por perpetuar esta arte, tão trabalhosa, pois já não compensava mais financeiramente. Assim, como tantas outras tradições, a trama da renda de bilro estava fadada ao desaparecimento.  Eu sempre achei que elas eram pessimistas demais, mas é só passar pela tradicional avenida da Lagoa para perceber: talvez ainda existam duas ou três rendeiras por lá. Dentro das lojinhas, entretanto, as peças de renda tradicional perdem espaço para outras, mais baratas, confeccionadas provavelmente na China. Uma pena constatar que as rendeiras estavam certas.

Nem tudo está perdido, porém,  enquanto ainda existirem pessoas e instituições empenhadas em manter vivas nossas tradições. Um projeto muito bacana neste sentido está sendo desenvolvido pela Escola Básica Municipal Henrique Veras, localizado  na Lagoa da Conceição. Intitulado Mãos que ensinam Mãos, tem por objetivo levar rendeiras tradicionais à instituição para ensinar a renda de bilro e outros tipos de artesanato para os alunos. O lançamento do projeto aconteceu no último sábado, marcando o Dia da Família na Escola e a abertura da Semana do Folclore em Florianópolis, que prossegue até o dia 26 com diversas atrações pela cidade.

Além de incentivar a prática da produção artesanal, o projeto oportuniza que rendeiras e rendeiros, a maioria já pessoas de idade, convivam com crianças e adolescentes, fortalecendo o vínculo entre as gerações. Além disso, desperta nestes artesãos a gostosa sensação de se sentirem úteis e valorizados, ajudando a preservar  a história e as tradições locais. O projeto inicia com a realização de três oficinas de cultura popular: renda de bilro, fuxico e bordado, sempre às sextas-feiras, no contraturno escolar.  O Mãos que ensinam Mãos é coordenado pelas secretarias da Educação e da Cultura, Esporte e Juventude, em conjunto com a Fundação Franklin Cascaes.


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fonte: dc

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