Exposição no CCBB conta a história da moda praia e seu impacto no comportamento

Seguindo as comemorações de seu aniversário de 70 anos, o biquíni, no submundo da moda até outro dia, como bem lembrou a estilista Lenny Niemeyer, foi parar no museu. Asa-delta, fio dental, cortininha, de lacinho, com bojo, jeans... A história do traje de banho é tema de exposição no Centro Cultural Banco do Brasil a partir desta segunda-feira (e continua até o dia 10 de julho). Grande entusiasta do assunto, a jornalista Lilian Pacce é a curadora da mostra “Yes! Nós temos biquíni”, que reúne cerca de 120 obras, entre looks icônicos, fotografias, pinturas, esculturas, vídeos, ilustrações e instalações. Esse acervo foi fotografado com exclusividade para o ELA, como você vê nesta página.

Biquíni Salinas, verão 2006/2007 - Faya
Biquíni Salinas, verão 2006/2007 - Faya

Lilian conta que quase enlouqueceu enquanto peregrinava pelos ateliês em busca de material para o projeto. Cidinho Pereira, da Bumbum Ipanema, por exemplo, não tinha no arquivo o fio dental original. A BlueMan, hoje comandada por Sharon Azulay, filha de David Azulay, não guardou em seu acervo o primeiro modelo jeans. O jeito foi reproduzir fielmente essas peças.

— Como o Brasil não tem tradição em moda, os criadores não imaginavam que estavam fazendo história. Era um negócio, uma oportunidade de ganhar dinheiro — explica a jornalista.

Criado em 1946 pelo francês Louis Réard, o biquíni, uma das invenções mais importantes do século 20 depois da bomba atômica, segundo a lendária editora da “Vogue” americana Diana Vreeland, foi reinterpretado e ganhou novos significados por aqui. No Brasil, ele é muito mais que um look para entrar na água.

— O biquíni é a cara da alma e do corpo da brasileira. Quando penso na mulher francesa, o que vem à minha cabeça é elegância, não a imagem de uma mulher solar — observa Lilian.

Os designers de beachwear celebram a exposição, que vai muito além do biquíni.

— Se a moda praia já invadiu a festa, por que não pode estar no museu? — questiona Dudu Bertholini, que tocou a paulistana Neon com Rita Comparato de 2003 a 2013. — Se o museu é um lugar que fala de antropologia e manifestações artísticas, vejo isso como algo natural.

Biquíni jeans BlueMan, reprodução de 1972 - Faya
Biquíni jeans BlueMan, reprodução de 1972 - Faya

— O biquíni faz parte do comportamento feminino. Ele mudou e evoluiu de acordo com os movimentos de libertação da mulher — acrescenta Jacqueline de Biase, da Salinas.

— A peça é o reflexo da sociedade feminina em que vivemos — concorda Sharon Azulay.

Cidinho Pereira, da Bumbum, acredita que a mostra não deixará cair no esquecimento quem contribuiu com a causa.

— Fiz o fio dental e o asa-delta. Também fui pioneiro ao abrir uma loja exclusivamente de biquíni, em 1979, em Ipanema. Ao expandir a marca para a Europa, ajudei a repercutir a modelagem brasileira no mundo.

Biquíni fio dental Bumbum Ipanema, reprodução de 1985 - Faya
Biquíni fio dental Bumbum Ipanema, reprodução de 1985 - Faya

Esta não é a estreia da moda no CCBB. Em 2009, o espaço foi palco de uma retrospectiva da carreira de Yves Saint Laurent, por exemplo. Diante do eterno dilema se moda é arte, Fabio Cunha, gerente-geral do local, garante:

— Claro que é. Por trás da passarela, existem conceito e questões técnicas. É criatividade e interpretação do cotidiano.

Lenny Niemeyer faz coro:

— O melhor é que a moda será tratada como algo importante.

Fotos: Faya. Coordenação e edição de moda: Gilberto Júnior. Beleza: Mary Saavedra (maquiagem: NARS; cabelo: Lowell). Assistente de fotografia: Luis Brown. Modelo: Aline Carmo (Front Management).

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Fonte: O Globo

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